O que eu achava que a universidade era e aquilo que realmente foi para mim

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Artigo elaborado por Joana Moscoso

Nasci em 1985 em Valença do Minho. Como muita gente da minha geração, cresci com o sentimento de que a universidade era um passo “óbvio” e “necessário” na minha educação. Um “to-do” que nasceu comigo. Fui na onda. Gostava muito da escola porque estava com os meus amigos e aprendia coisas novas. Aos 9 anos, muito cedo, descobri um fascínio por bactérias, o que fez com que a expectativa de ir para a universidade fosse algo ainda mais “óbvio” e “necessário”. 

A primeira grande coisa que eu não sabia, era que a universidade era algo opcional. Não sabia que grandes líderes como o Steve Jobs não tinham concluído a universidade. Não sabia que a maior parte das empresas portuguesas são lideradas por grandes homens e grandes mulheres sem ensino superior.

A segunda grande coisa que eu não sabia era que existia uma correlação real entre o nível salarial daqueles que frequentam e concluem o ensino superior e aqueles que não o fazem. Não tinha noção do quão “apetrechada” eu realmente estava a ser para o “mundo real” e do quão difícil ou distante o conceito de ir para a universidade era para outras pessoas. Mais, não tinha naquela época noção da desigualdade de género, e do quão castrador para outras jovens como eu, o ambiente familiar ou da comunidade onde estavam inseridas podia ser.

O que eu achava era que a universidade era um local para todos, onde se frequentavam aulas e se aprendia novo conteúdo relacionado com a área de estudo que tínhamos escolhido. Estava enganada. A universidade era, e é, muito mais do que isso. O que eu encontrei na universidade foi uma plataforma para exprimirmos os nossos valores e ideias, um caldeirão de pessoas com inúmeras competências e variados interesses, e uma oportunidade para assumir o leme do nosso futuro. 

Passados (quase) 15 anos desde a minha graduação como licenciada e 8 anos como doutorada, posso dizer que a universidade foi uma experiência transformadora para mim e que largamente superou as minhas expectativas. Na universidade fiz bons amigos, conheci colegas de trabalho excepcionais, uni forças com sócios co-fundadores de projetos sociais e pioneiros, contactei com pessoas de referência internacional, organizei pequenos e grandes eventos, e contribui para a gestão e operacionalização dos projetos de associações profissionais. 

Vivi o dia-a-dia de universidades em vários países do mundo e trouxe sempre algo de muito positivo comigo. Mais ainda, entre 2007 e 2017, vi uma transformação na sociedade muito importante a acontecer: o mundo deixou de perguntar se Portugal é uma região de Espanha ou fica na América do Sul ou África, e passou a saber que Portugal é um país extraordinário e encantador na Europa. É neste tipo de transformações societais que eu me foco neste momento. O meu trabalho foca-se em criar uma mudança positiva no mundo onde o bem-estar do indivíduo é considerado de forma holística e onde existe equidade e diversidade na educação e ciência. Através da Chaperone, ajudo universidades a equipar melhor os alunos para o mundo do trabalho e a comunidade científica a pensar nas suas carreiras de forma sustentável, planeando e gerindo a sua carreira de uma forma que potencia o bem-estar e a produtividade. Através da Native Scientist, crio pontes entre investigadores e crianças para reduzir o hiato entre a ciência e a sociedade e promover a literacia científica.

A minha mensagem aos alunos da Universidade do Minho é: sintam-se especiais, porque o são; e estejam atentos. Por vezes as frases e momentos mais transformadores e decisivos da nossa vida acontecem quando menos esperamos.

Joana Moscoso

MIT Innovator Under 35
Top 100 Woman in Social Enterprise

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