O contraste impulsionador na transição da Universidade para o mercado de trabalho e a intrigante experiência inversa

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Artigo elaborado por Isabela Oliveira

Terminei a Licenciatura de Gestão de Empresas, em dezembro de 2001, sem ter computador, internet e email. No curso aprendi, no tocante a competências informáticas, a utilizar o office, nomeadamente o word, o excel e o power point. Cheguei ao mercado de trabalho associativo (empresarial e industrial), em janeiro de 2002, para exercer funções de Auditoria. Tinha já um computador, um email profissional, conheci o símbolo da internet para pesquisar e do chat, para ligar-me em rede, conseguindo, também, aceder a informação partilhada. Tínhamos site com newsletter. 

Estarás a pensar “que pré-histórico este Ser Humano”, mas fica a saber que é assim que vais sentir-te, se transitares da universidade para o mundo empresarial ou associativo empresarial/industrial, que posso falar com conhecimento de causa. Mas anima-te, a sensação é fantástica, finalmente colocas os saberes académicos e outros que vais adquirindo em ação e de forma veloz, verás as coisas a acontecer.

Tive o privilégio de ser acolhida por uma colega sénior, exímia profissional, que mostrou elevadas competências intra e interpessoais, certificando-se que eu tinha todas as competências práticas integradas. Assim como o meu superior hierárquico, que coordenava e avaliava o meu desempenho, enquanto responsável da União das Associações Empresariais da Região Norte, sendo a Associação, onde eu trabalhava, associada, mostrando-se sempre um líder carismático, inteiramente atento e disponível, com elevada cortesia.  

Como depreendes, a transição foi empolgante e positivamente transformadora, a beber de diferentes departamentos/pessoas e parceiros. Foi a primeira de muitas transições profissionais, sendo que acumulava, ao que já fazia, a execução de projetos anuais, que sendo sempre o último grito no tocante à inovação, implicava uma semana de formação intensiva em rede (dos Técnicos Superiores das diferentes Associações, afetos a cada projeto) e, na semana seguinte, avançávamos para a execução em massa, passando todo o conhecimento aos empresários associados da nossa região, via seminários de apresentação, levantamento de necessidade e implementação de planos de ação à medida, que eram cumpridos escrupulosamente e no tempo delineado, certificando-nos atempadamente que as competências estavam integradas. 

Para teres consciência, entre 2002 e 2003, tinha já acumulado 258 horas de formação, 50% on-line (teoria) e 50% presencial (prática transversal), no tocante à Internet, Gestão da Informação e do Conhecimento em rede, Novas Tecnologias e Sistemas de Informação, Plataformas Tecnológicas, Desenvolvimento e implementação de processos e-business. Curiosamente, a formação em massa em tecnologias digitais só ocorreu na Educação, recentemente, à força do fenómeno invisível de graça covid-19. Vinte anos de atraso, pelo menos, comparativamente ao mundo associativo/empresarial, assim como 24 anos de atraso no tocante a outras competências práticas e transversais, nos domínios de desenvolvimento intrapessoal, interpessoal e social, previstas no Projeto DeSeCo (1997), que originou o atual perfil dos alunos à saída da escolaridade obrigatória. Para atingir-se a Persona desejável, nos alunos, no tocante a competências comportamentais, na relação consigo mesmos e com os demais, primeiro há que uniformizar-se a Persona dos educadores, logo na academia, que forma quem vai para o terreno.

Em sentido inverso, regressei à Universidade, em 2018, para realizar Mestrado em Temas da Psicologia da Educação, identificando um salto quântico na Universidade, no que concerne a competências digitais. Mas rapidamente perdi o entusiasmo, ao perceber o contraste entre o que já havia estudado em termos práticos e transversais e também teóricos sobre a mente humana (consciente e inconsciente), a sistémica/campos mórficos e o lugar do corpo no funcionamento humano, fora da universidade e o que encontrei no ensino superior. Para teres consciência, desde 2013 que utilizo a tecnologia humana e metaforicamente deparo-me com a máquina de escrever e uma enorme “resistência psicológica” a tudo que é diferente do que já conhecem, confirmando o porquê do atraso na Educação, relativamente a competências de desenvolvimento de carreira.

Treinada a auditar e focada no que funciona e serve a todos, averiguo que o contraste temporal demasiado longo e nos dois sentidos, deve-se a padrões de pensamento tipicamente engessados na academia e maioritariamente flexíveis nas empresas/associações empresariais, que projetam diferentes telas mentais, que moldam as pessoas que lá trabalham e, consequentemente, os lugares. 

Na academia, predomina o pensamento lógico e abstrato, com foco tipicamente nas questões sobre conceitos, mostrando-se competição agressiva entre investigadores, quando creem ter descoberto algo inovador, que só o é quando mostra transformações estruturais na sociedade, em resposta à sua missão educativa. 

Nas empresas/associativismo empresarial e industrial, valoriza-se o pensamento lógico e específico, com energia aplicada, no sentido das coisas, reconhecendo-se cooperação entre os diferentes níveis de saber e posições hierárquicas, sendo que cada qual se questiona e questiona os demais sobre: o Como fazer(mos)? Como chego(amos) aos resultados? O que depende de mim(nós)? Para que serve isto?  Que resultados se pode obter, que detalhes são importantes atentar, quanto tempo temos, para executar, do que precisamos e de quem para cumprirmos os prazos. Valoriza-se e visualiza-se o saber em movimento.
Este artigo foi escrito para ti, e por ti, estudante universitário, em quem deposito muita fé, para elevares a tua consciência e te colocares em ação, alterando o que entendas necessário, no exercício de diferentes papéis, enquanto cidadão ativo e responsável, que acredito que és. Nasceste na era digital, já dominas as competências que vieram impulsionar a disponibilização do conhecimento, à escala global, à distância de um clique, para progredirmos enquanto espécie, saindo das “grilhetas da ignorância”. Brevemente, abraçarás um cargo profissional e estarás a vivenciar a transição para a “nova era”. Seja qual for o cargo e o local em que te encontres, reconhece o melhor dos dois mundos, que experienciei, integrando a importância de saberes o que algo é, mas encontrando sempre um sentido prático, testando se funciona, senão de nada serve. Sê um agente consciente da Carreira Planetária, reconhecendo a tecnologia humana, que trazes contigo, sendo que vens equipado com um hardware (corpo), um software (mente) e uma rede hi-fi (portas sensoriais e multidimensionais, que funcionam magneticamente na relação contigo, com os demais e os contextos), para que potencies tudo aquilo que és capaz de ser, indo além da normalidade, que apenas replica o que já existe. Diferencia-te, identificando o que é naturalmente forte em ti, aprimora-te e traz algo de inovador para o coletivo, que mais ninguém faça como tu, porque foste semeado para dar algo original. Toma consciência sempre, que cada um de nós é um aprendiz permanente, nesta escola que é a vida, todos precisamos uns dos outros e de diferentes saberes, para fazermos sempre mais e melhor, em progresso permanente.

Isabela Oliveira

Mestre em Temas da Psicologia da Educação
Fundadora do Projeto Paleta de Recursos

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