Artigo elaborado por Hugo Portela
Muitos estudantes, quando chegam ao término da sua jornada académica, têm dúvidas sobre o seu futuro profissional. Dúvida essa que, muitas vezes, até já vem de trás, nomeadamente do ensino secundário quando é necessário escolher um curso superior. Dúvida essa que assenta principalmente no desconhecimento, e é muito comum, mas, na minha opinião, não o devia ser. Seria, portanto, fundamental ter maior informação sobre as áreas de negócio que estão em expansão e que, nos anos vindouros, mais precisarão de mão de obra qualificada.
É óbvio que a conjugação ideal de fatores passaria por encontrar essa área e, simultaneamente, também algo que se gosta. Mas isso nem sempre é possível. Nestes casos será preferível acautelar o primeiro fator, saída profissional, em detrimento de algo que nos possa agradar e que implique o desemprego.
Para tal, na minha opinião, e apesar da era digital em que nos encontramos, nada melhor que falar pessoalmente com quem já esteja ativamente no mercado de trabalho, idealmente de diferentes áreas. Quanto maior for o número de conversas mais informado se pode ficar. Esse conhecimento permitirá que as escolhas feitas sejam muito mais sustentadas. Essa sustentação implicará, com certeza, um futuro mais auspicioso.
Posso partilhar a minha experiência pessoal. No liceu era bom aluno a Matemática, tive um professor que, durante esses 3 anos, me andou a convencer a seguir o curso de Ensino de Matemática. Ele achava que para além de eu ter o conhecimento tinha também uma excelente capacidade para explicar, de forma simples e intuitiva, a matéria a outros colegas. Acabei por não seguir essa via porque antes de fazer a escolha falei com pessoas que já trabalhavam e que me inclinaram para algo curricularmente parecido (pois pude usar muito as bases de matemática), mas totalmente diferente no que diz respeito à sua mutação (pois em vez de ser algo que há muitos anos não muda, é algo que evolui quase diariamente). Optei por Engenharia de Sistemas e Informática. Acabou por se afigurar a escolha certa pois gostei do curso, fiz o que na altura era uma Licenciatura de 5 anos (pré Bolonha), com uma boa média (acima de 14), e sem repetir nenhum ano (algo também raro em “LESI”).
Uns anos mais tarde repeti a “dose” quando estava a terminar o curso, aí para perceber quais poderiam ser as empresas mais interessantes. E mais uma vez os conselhos surtiram efeito. Acabei por fazer o estágio curricular numa empresa e, posteriormente (depois do curso terminado), abracei uma carreira profissional noutra empresa, e em ambas o balanço é muito positivo. Mantenho-me nessa segunda empresa desde então, com algumas responsabilidades e onde o meu empenho é reconhecido.
De qualquer forma, não é a escolha de um curso superior que vai limitar totalmente o percurso profissional seguinte. É importante referir isto. Uns cursos podem limitar mais que outros, claro, mas passará sempre pela pessoa encontrar algo, mais ou menos próximo do que aprendeu, onde se consiga adaptar.
Isto porque as ditas “hard skills” acabam por ser muito importantes para os empregadores, é preciso saber minimamente o que se vai fazer, mas cada vez mais as “soft skills” são valorizadas pelo mercado. Características individuais como proatividade, trabalho em equipa, adaptabilidade, comunicação (oral e escrita), pensar “fora da caixa” e criatividade, são muito privilegiadas por quem está a recrutar. Não referi línguas, como o Inglês, pois considero que nos dias de hoje já é considerada uma “hard skill” na maioria das áreas de negócio. Quem não sabe terá maiores dificuldades em encontrar emprego.
Portanto, e para terminar, a sugestão que dou é: informem-se o mais possível antes de cada decisão!
Senior Manager of the Accenture Technology Center Braga